A gente tá cansado de ouvir falar na mídia sobre o impacto negativo que as fast fashion tem no meio ambiente e na nossa relação de consumo. Mas será que as fast fashion são o único problema da moda hoje?
De início já digo que não tem como defender mesmo a lógica de toda semana ter peças novas na arara, roupas muito baratas e mal remuneração da mão de obra. Tá na cara que essa conta não fecha! Mas eu fico pensando na pessoa que se planejou para comprar, pensou naquela peça, mas não tem o privilégio de poder pagar por uma peça mais cara de uma marca que é sustentável. Ela ta errada de querer comprar na fast fashion? Na minha opinião, claro que não!
É muito fácil demonizar as fasts fashion quando se fala de um lugar elitizado. Para além do pensamento da blusinha nova, o consumo pra muita gente vai estar ligado a esse lugar de pertencimento, de se sentir parte, já que a moda tem esse papel social muito forte de fazer a gente se identificar como pessoa, como grupo e ser social.
“Teve uma galera que não teve acesso a nada isso durante muito tempo e tá tendo acesso pela primeira vez e você vai falar assim “desculpa, agora não pode mais” Joanna Moura. Também não faz sentido a pessoa falar que só compra em brechó ou em marca slow fashion e sair adquirindo uma peça atrás da outra, não dando o menor valor ou uso para a peça. No mundo perfeito todas as roupas seriam fabricadas por empresas que remuneram a mão de obra de forma justa, produzem de forma devagar e prezam pela sustentabilidade.
Mas o mundo está longe de ser perfeito e a grande maioria das pessoas tem cada vez menos verbas para comprar roupas. As fast fashions não são o mal da moda, mas a lógica do consumo desenfreado, da novidade a cada 2s e da gente se sentir obrigado a ter para pertencer, sim. Acredito que cabe a nós como consumidores entender nosso papel e não sucumbir aos mecanismos de desejo imediato.
Esse assunto é tão profundo que daria um livro, e eu não tenho pretensão nenhuma de dar a solução mágica. Adoraria inclusive ouvir a opinião de vocês e que a gente pudesse continuar trocando experiências e compartilhando ideias de como construir um mundo em que ser>ter!